quinta-feira, 8 de maio de 2008

A Vida Pastoril

Rebanho a caminho da Serra - imagem antiga

A vida pastoril


A principal ocupação das gentes da região é a pastorícia.
E como seria esta actividade, antes das modernas técnicas aplicadas à pecuária?

O ano pastoril ia de S. Pedro (29 de Junho) a s. Pedro (29 de Junho do ano seguinte) e os pastores ajustavam-se para servirem por um ano, que começava e terminava naquela data. A soldada era feita em dinheiro, em géneros e em regalias de diversa espécie.
Por volta de 1914 a soldada de um pastor era composta de:
24 centavos para condutos (alimentos vários)
1 fanega (64 litros) de centeio
2 litros de azeite
8 litros de feijão pequeno (também conhecido por feijão frade) para cada mês
A “pergulhal” ou “povilhar” – direito a apascentar 500 ovelhas suas (se as tivesse) com as do patrão
A “forra” – direito a tirarem 8 a 10 borregos dos patrões, os primeiros que saírem por dois cantos ou ângulos do bardo. O patrão tinha o direito de escolher um dos cantos e o pastor, outro. O pastor costumava ensaiar os mais avantajados para logo que abrisse os cantos saírem em primeiro lugar.
Quando não tinham “pergulhal” ou “forra”, a soldada em dinheiro era maior, como maior era a pergulhal do maioral ou guarda mais graduado das casas que tinham mais de um rebanho.

Em princípio de Novembro o rebanho era dividido em 2 grupos: o “vazio”, composto pelos machos e jovens que ainda não procriavam, e o “alavão” composto pelas fêmeas que já têm crias ou que dão leite. O pastor precisava então de uma ajuda (ou de um alavoeiro) para guardar as ovelhas que dão leite.

Março.
Tempo das queijeiras e é necessário retirar os borregos para os juntarem ao “vazio”. Precisa agora também de um “roupeiro” para fazer os queijos. A exercer quase sempre esta função, estava a esposa dos pastor, que durante os referidos meses vivia permanentemente no campo, embora costumasse ir nos domingos a casa, buscar roupa e, pela semana, a cozer o pão que haviam de comer.
Criavam-se então, junto da malhada, galinhas, porcos, gatos e cães, destes os indispensáveis para a defesa da queijeira (gatos) e para a guarda do rebanho (cães).

Era assim… mas os tempos são outros.

Enquanto no princípio do séc. XX, o pastor vivia numa “choça” (cabana feita de palha) e não tinha preocupações com o pasto dos animais, pois havia em bastante quantidade mas usufruía pouco vencimento ou “jorna”, hoje é diferente pois já vive numa casa de tijolo com todas as comodidades e não necessita pernoitar no campo, junto ao bardo, trazendo o rebanho para área perto das habitações.
Mas tem a grande preocupação de procurar pasto, pois não o há, e tem de alimentar o gado a ração que, como dizem, é muito cara e os animais não dão o leite tão saboroso, indo prejudicar a qualidade do queijo e da própria carne.
Resumindo: o pastor anda mais kms que antigamente e mais preocupado, pois não vê os animais bem alimentados.

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