sábado, 10 de maio de 2008

Um pouco de História - 1

Estrada romana que ligava Emérida (Mérida) a Bracara Augusta (Braga)


Egitânia – Idanha-a-Velha


É uma freguesia do concelho de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, Diocese de Portalegre e Relação de Coimbra.
Está situada na margem direita do rio Ponsul (afluente do Tejo).
De casario granítico e ambiente pitoresco pelo notável conjunto de ruínas que conserva, ocupa um lugar de realce no contexto das Estações Arqueológicas do País.
Pode ser considerada, sem dúvida alguma, uma das mais antigas povoações de Portugal e possui ricos pergaminhos históricos, entre os quais o de ter sido berço natal do famoso rei dos Visigodos, Vamba.
Na verdade, onde hoje se ergue Idanha-a-Velha e segundo investigações históricas, situava-se antigamente a florescente cidade de Egitânia, que foi capital dos Egaeditani, povo pré-romano assim denominado devido à sua divindade principal, o deus Igaedus. Remonta ao tempo dos Lusitanos e existia já no ano 16 a.C., porque nessa data um cidadão de Augusta Emerita (Mérida), Quinto Itálio, doou à cidade um relógio.
A cidade de Egitãnia teve um grande desenvolvimento na época de Augusto, na sequência do estabelecimento da colónia de Nerba Caesarina (Cáceres - Espanha).
Situada sobre a grande via romana Emérita (Mérida – Espanha) – Bracara (Braga), na proximidade de importantes minas de ouro, a “civitas” cresceu em importância e cumpriu da melhor forma o que a administração imperial dela esperava, ascendendo ao estatuto municipal sob os imperadores Flávios, no último quartel do século I.
Perto de Egitânia, na povoação de Medelim para noroeste, existiu um acampamento permanente fundado nos anos 70 a. C., por Q. Cecílio Metello Pio.
Igaeditania ou Egitânia (não é conhecido o nome próprio da cidade), foi simples oppidum (era o termo em latim para a principal povoação em qualquer área administrativa do Império Romano) governado por quatro magistri. Deduz-se assim que a população da nova cidade lusitana era, no essencial, constituída por naturais da região e não por cidadãos imigrantes, qualquer que fosse a sua origem, itálica ou hispânica.
No final do séc. III ou início do séc.IV, foi levantada uma muralha, posteriormente muito modificada e reconstruída pelos Templários, deixando parte da cidade no exterior da cerca.
No período visigótico, conserva a sua função administrativa como sede de um episcopado e de uma oficina monetária. Deste período e testemunho importante é, sem dúvida, o baptistério, a que devemos juntar algumas belas pedras lavradas.
Sem podermos precisar o que se passou, sabe-se que a invasão muçulmana marca o início da longuíssima agonia de Egitânia como centro populacional, perdendo definitivamente a sua razão de ser na forma administrativa. Nenhuma das tentativas revivificadoras levadas a cabo por D. Afonso Henriques, D. Sancho II (que lhe deu foral), D. Dinis e D. Manuel (que lhe concedeu um segundo foral), resultaram.
Do Passado, pouco resta. A própria catedral de Egitânia, abandonada e em ruínas, acabou por ser transformada em cemitério.
O afastamento dos grandes eixos de comunicação, o fraco valor militar do local e sem a alternativa de uma economia desenvolvida, contribuíram decisivamente para que a região se transformasse num sítio exemplar onde a poesia das coisas não pode fazer esquecer o drama dos Homens.

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