segunda-feira, 12 de maio de 2008

A Flora beirã - 1



A Flora beirã - 1




Da famosa e iberíssima vinha céltica, poucas cepas podemos encontrar nesta zona, bem como em toda a Beira Baixa.


O aparecimento do míldio minou toda a seiva a essas ramadas. A testar o gigantismo dessas cepas, pode apontar-se a afirmativa de vizinhos que se referem à existência de dois exemplares:


Um, existente no lugar do Dão, próximo de Várzeas, no concelho de Oleiros, propriedade actual do Sr. João Ramos(1), da referida aldeia. Empoleirada num sobreiro, chegou a produzir num só ano, a astronómica quantidade de vinte e dois almudes (550 litros).


O maior exemplar de que há memória e que foi a muita gente dado a conhecer já raquítico e carcomido, situa-se em Cambas, freguesia do concelho de Oleiros e conforme depoimento de pessoas mais idosas, produziu numa só safra, a enormidade de quarenta e cinco almudes. A sua ramada cobria todo o recinto do arraial das festas. Ainda hoje existe, definhado, e o proprietário, o Sr. Manuel Martins (1), natural do Roqueiro, é morador no lugar de Cambas.


No nosso país, o almude varia conforme as regiões, mas fazendo as contas com o almude a 25 litros, esta cepa chegou a dar 1125 litros só numa safra.


Actualmente ainda se pode saborear este tipo de vinho pouco incorpado e com um travo a verde, de uma cor aquosa, em muitas povoações do concelho de Oleiros.


Também na zona de Penafalcão se encontram algumas cepas de vides Colun, cuja produção mais modesta, é também digna de registo.




A Flora beirã espelha-se em grandes e ininterruptas extensões de pinhais, coabitando com o medronheiro, as estacas de oliveiras serranas, o tojo, o feto, o mato torgueiro, a carqueja, extensos olivais de oliveiras frondosas e seculares em terrenos de estevas, rosmaninho, carapeto, salva e carrasqueira.


Mas é sempre o verde e compacto pinhal, sombreando e enriquecendo vales e serranias, concorrendo com milho e horta, fazendo perigar a própria segurança das pessoas das localidades em alturas de incêndio, que se afirma o mais actual ex-libris Beirão.




Relevantes são, em qualidade e fama, os produtos derivados da oliveira, sobreiro, medronheiro, pinheiro e os derivados da sua capacidade apícola e frutícola.




(1) - Nota: esta pesquisa foi feita na década de 90. Daí o desconhecimento se estas personagem ainda são vivas.

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