O Castelo e suas muralhas
A festa de 3 de Maio
A festa de 3 de Maio
Perde-se nos tempos a data da sua construção, muito anterior à Era Cristã; o que se sabe de positivo é que a sua reconstrução data de meados do séc. XII, mandada fazer pelo Grão-mestre dos Templário, Gualdim Pais. Possuía robustas muralhas que o tornavam quase inexpugnável.
Segundo um curioso desenho da época, tinha cinco torres de que ainda existem vestígios. Duas dessas torres, as extremas, deram certamente origem ao dito espanhol:
Monsanto, Monsanto
Orejas del mulo
El que te ganar
Conquistar puede el Mundo
Entrando pelo lado poente e deixando à esquerda o resto da antiga freguesia de S. Miguel, começava o recinto fortificado da “Casa da Guarda”, que está quase intacta e que tem interessantes seteiras; desta transitava-se por uma ladeira, também intra-muralhas, para um largo muito maior que Guilhermino de Barros romantizou como o “picadeiro da época”. Este tinha uma cisterna para abastecimento de água potável. Daqui, passa-se à sua Torre de Menagem, excelente vigia para os lados de Espanha, e para uma pequena porta para sortidas – Porta Falsa – mascarada pelos penhascos que lhe ficam em frente. Há ainda duas canhoeiras para a artilharia existente na fortaleza.
Deste largo cujas muralhas eram altas, fortíssimas e muito perfeitas, sobretudo pela parte exterior, subia-se ao último reduto, no ponto mais elevado, onde se encontrava o paiol da pólvora.
Uma explosão deste, no princípio do séc. XIX, fez aluir quase todo o castelo e a muralha que o cerca ficou muito danificada.
Havia ainda, a cercar as freguesias de S. salvador e S. Miguel, uma outra muralha mandada construir pelo Conde de Lippe no séc. XVIII, com duas entradas: Santo António e Espírito Santo.
Todas estas ordens de muralhas tinham o respectivo portão de entrada, onde o roçar das trancas de ferro deixou bem marcado o seu trabalho.
A Igreja Matriz da freguesia de S. Miguel era a Capela Românica de S. Miguel (séc. XII), obra que por si só justifica uma visita ao castelo de Monsanto.
Tem um pórtico notável, o côvado (medida da época) do lado direito, cachorros muito interessantes na cornija, todos diferentes e, extraordinariamente, na fachada direita, as sepulturas dos Fidalgos – os governadores da Praça – marido e mulher. Junto a estas, ardeu durante muitos anos, uma luz votiva. Mais atrás, na mesma fachada, está o túmulo dos Priores.
Foi nesta Igreja que ajoelhou D. Afonso V quando da sua estada em Monsanto.
Ao lado, o campanário para dois sinos, e em volta o cemitério com sepulturas cavadas na rocha.
Quem visitar o Castelo deve seguir até encontrar as 13 tigelas, onde a tradição popular quer que a fidalga desse de comer aos seus pobres, e vir passar por baixo dos “Penedos Juntos”, dois blocos descomunais de granito que se encostam um ao outro.
Ao castelo e à sua História Militar anda ligada a tradição de um feito que o povo de Monsanto festeja a 3 de Maio.
- Há muitos anos a moirama, depois de vencida e arrasada Idanha-a-Velha, voltara as suas atenções para o vizinho Castelo de Monsanto e pusera-lhe cerco apertado.
Longos meses se passaram e já os mantimentos escasseavam em absoluto. Aos defensores do velho burgo ocorre então um estratagema: alimentam a última vitela que possuíam com o alqueire de trigo que lhes restava. Chegam-se depois às muralhas, chamam o comandante do exército atacante e atiram-lhe com a vitela que, ao desfazer-se no solo, mostra o trigo que havia comido.
Esta suposta abundância de víveres desanima o mouro que levanta o cerco.
Os monsantinos nunca mais esqueceram este facto e o seu nacionalismo os tem levado todos os anos em 3 de Maio ao castelo para,do ponto mais elevado, deitarem sobre os rochedos um pote – que simboliza a vitela – cheio de flores – o trigo – com que a tinham alimentado. Dançam depois toda a tarde e, no regresso, levam para casa as marafonas ou Maia (bonecas de trapos ou farrapos) que tinham trazido e deitam-nas sobre as camas. Ficam assim livres de lhes cair alguma faísca em casa.